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Este blog foi um porto de abrigo após ter perdido o emprego, já lá vai um ano e meio. Os desabafos, as brincadeiras, os sarcasmos, os gritos e os risos fizeram parte de um processo de exorcização de medos, de anseios, dúvidas e raiva.
A desempregada deu lugar a uma voluntária que utilizava o seu tempo entre os filhos e uma instituição com a qual empatizou naturalmente. A voluntária deu lugar à empregada em part-time, que, felizmente, continua a partilhar o tempo entre os filhos e a instituição que tanto preza.
O coitadinho do crocodilo passa o testemunho à pessoa que mudou o estilo de vida por obrigação, mas tirou a lição disso e aprendeu a dar mais valor ao tempo do que ao dinheiro. Preciso de tempo para cheirar o mar da minha varanda, namorar o céu, preciso de tempo para abraçar todos antes de saírem de casa, beijá-los com um sorriso, preciso de tempo para iluminar o meu filho, preciso de tempo para parar, sorrir e agradecer o que me aconteceu.
Este ano vou ter férias porque trabalho num sítio especial com pessoas especiais. Conhecem alguém que tenha férias porque um colega foi trabalhar no seu lugar?
É preciso ter muita sorte. Colegas destes, só existem em lugares especiais.
Não percebo a celeuma à volta dos rumores sobre contratos que obrigam as mulheres a não engravidar nos próximos cinco anos. Mau, mau, seria se as empresas começassem a despedir as mulheres só por terem filhos!
Isso não merece destaque. O povo quer é futebol. A primeira página da Bola é Yes, we can! Obama já veio substituir este slogan por outro: crtl+alt+delete. Esperemos que não seja um prenúncio…
Não me tem dado para escrever nada. Assim que começa o calor, só tenho vontade de desaparecer do planeta. Isso, ou fazer o turno da noite, coisa a que, aliás, já estou mais que habituada.
Comecei a trabalhar e logo apanhei uma valente carraspana, o que me leva a tirar a óbvia conclusão de que o trabalho não dá saúde a ninguém!
Ando perdida em pensamentos com o meu “mai velho”: é a mudança de escola (como dizer-lhe) e preparar-me para o embate, é o (tão ansiado) relatório final da psicóloga, que não me admirou em nada mas me ligar a bola de cristal e antever uma luta eterna, os ATLs de Verão e os passeios de dia todo com as minhas pernas no estado em que estão.
Quero o Inverno, quero o frio, quero a neve!
E onze da noite não são horas de ver a selecção!
E pronto, já desabafei.
- Mãe, não quero comer mais estes cereais!!!
- Porquê?!
- Diz aqui que é ideal para quem quer perder peso. Eu não quero perder peso!
É o que dá já saber ler. É o que dá ser magro. E é o que dá levar tudo à letra.
Desde que saí do banco que não ponho uma “sandalita” chiche a não ser para jantar fora. As calças clássicas e os blasers foram ensacados e doados a quem precisa. Muito antes de eu saber o que o futuro me reservava, deitei fora tudo aquilo que me oprimiu durante muito tempo, demasiado tempo.
Os meus pezinhos, anteriormente de porco, ou porca, estão transformados em patas de elefante e gritam se tento colocá-los em qualquer plataforma que não tenha atacadores. Não, já não cabem num sapato inclinado.
As pernas, ah, essas, viciaram-se em ganga e eu não consigo contrariar.
Tive a sorte – há quem lhe chame destino – de voltar a trabalhar, sem as amarras nos pés ou nas pernas, mas também na cabeça e no coração. Nem tudo é bom, mas o principal é que salto da cama a ansiar por um dia de trabalho. E isso já não acontecia há muitos anos.
Um ano e meio se passou... e o primeiro dia de trabalho é já amanhã (hoje).
Cada um tem o que merece. Nem sempre na altura apropriada.
Cá para os meus lados, há mais movimento no céu do que na terra. Os aviões privados não param de aterrar em Tires, mas a marginal está sem carros, a praia de Carcavelos só tem meia dúzia de ingleses e espanhóis e nas ruas não se vê vivalma.
Mas se meteram os portugueses? No Rossio a ensinar os espanhóis a beber cañas??? Ou na fila para o marisco?!?!?
Bom, mas o que realmente me preocupa é o facto de os adeptos merengues estarem a festejar muito próximo do Marquês de Pombal. Era só o que faltava o Sebastião acabar a noite regado de cerveja e abraçado a uma bandeira espanhola! Isso que é não!!!
Ide para casa depois do jogo, ide, que amanhã é de dia de eleições.
Andei eu anos a renegar o livro dos rostos, sem saber que me ia divertir tanto. Não só ganhei “amigos”, como não perdi contacto com outros, aprendo umas quantas coisas extra e ainda revejo velhas amizades.
E foi mesmo o que aconteceu hoje: retomei o contacto com uma amiga de muito longa data. Hoje, 21 de Maio, um dia cansativo, depois de aturar 50 filhos dos outros, sem paciência para eles ou para o meu Duda, que anda em crise há umas semanas.
Ganhei o dia. O facebook presenteou-me com o reencontro com uma das minhas melhores amigas de liceu. E assim ficámos, longos minutos deliciadas com a vida uma da outra, à distância de uma tecla, ao fim de tantos anos de silêncio. O bombardeio de perguntas e o excesso de smiles indiciam a histeria do achado.
Venham de lá mais 50 pestes e um Duarte em crise. Hoje, vou para a cama mais feliz.
Dezassete de Maio, o dia em que (dizem) a Troika saiu de Portugal. Daqui a uns anos será feriado e considerado o novo dia da Restauração da Independência. Marchar, marchar, primeiro contra os bretões, depois contra os canhões, mais tarde contra os espanhóis e agora contra uma aliança encabeçada por alemães.
Dizem que foi uma saída limpa. Sim, limparam-nos os bolsos, limparam-nos o emprego, limparam-nos os jovens qualificados, limparam-nos os pequenos luxos, executaram a classe média e tentaram assassinar o Estado Social.
Vivíamos acima das possibilidades, agora vivemos no limiar da pobreza.
Os impostos subiram, os salários baixaram cerca de 40% e a precaridade na contratação é maior do que nunca. Imaginem-se a ganhar 1000 euros e terem que aprender a viver com metade. Imaginem-se com 600 euros e de repente ficarem sem sustento.
Provavelmente haverá quem nunca entenderá o impacto que a entrada da troika teve no nosso país e a dimensão da mudança, que vai-se repercutir nos próximos 20 anos. Enquanto uns se queixam que ganham menos 200 euros, outros há que viram os seus rendimentos baixarem mais de 70% e outros ainda que continuam a achar que os 15% de desempregados são gente que não quer fazer nenhum.
Quando um homem nos diz duas vezes na mesma semana “olha um push up” é coisa para arrebitarmos as orelhas. Bem sabemos que a gravidade já cá estava quando nós nascemos, que é a bruxa má dos nossos corpinhos de princesas, mas quando ouvimos a expressão push up e ainda não temos 40 anos, é tema que vamos ter que esclarecer!
E esmiuçamos: fazemos perguntas, insistimos, mudamos o tom de voz, abrimos as narinas, franzimos o sobrolho e, por fim, damos por terminada a conversa. Os homens não conseguem aguentar uma mulher furiosa a fingir que está calma.
Assunto esclarecido?! Óptimo. Não se fala mais nisso.