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Espreitei a página facebookiana das facturas do Coelho. Acho a ideia brilhante. Não leva a lado nenhum? É verdade. Mas a inércia e a apatia também não. Só a irreverência marca a História.
Calhou ir às compras a seguir. Não me passou pela cabeça nada do que estão a pensar. Até ao momento em que a senhora teve a feliz ideia de me perguntar se queria factura com contribuinte. A minha tez iluminou-se, os olhos sorriram, o nariz abriu-se e os lábios disseram o sim antes do cérebro tomar a dianteira.
Sou distraída ao ponto de ir trabalhar com um sapato de cada cor (na realidade, já cometi a proeza mais do que uma vez), mas, talvez para compensar, tenho uma memória visual muito boa. Achava eu que não tinha decorado o contribuinte alheio, mas acabei a debitar nove números de uma enfiada. A senhora, exímia no atendimento, bateu o enter e confirmou:
- Pedro Coelho, de Lisboa?
- Sim.
Baixou os olhos. Já lhe passou muita gente pela frente, mas nunca um Pedro tão giro como eu. Caiu a ficha. Olhou para mim e correu a chamar o supervisor. Fiquei à espera das algemas, dos media, dos GOE. Só posso ficar presa até às quatro, depois tenho que ir buscar os miúdos à escola. Regressou em estado de pré-histerismo.
- Nunca atendi ninguém assim! É a primeira vez que me dão este contribuinte! Tão engraçado… ai o que eu já me ri. Mas isto não está a dar. Mas vamos tentar que dê. É só um minuto! Não vamos sair daqui enquanto não der.
Antes das quatro, por favor. Pelo menos, acho que me safei do calabouço. A hierarquia desbloqueou o pagamento.
- Chame-me quantas vezes precisar. – acrescentou.
Que nobreza de atitutes, senhores. Isto é empenho, isto é firmeza de pensamento, apoiar uma causa até então desconhecida, um descobrir de vocação. E o improvável acontece. Passos Coelho afinal consegue unir as pessoas numa causa. E, provavelmente, amanhã vai conseguir unir o povo numa só música.