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Tem sido uma semana negra. O miúdo voltou a não dormir and here we go again a atacar as gorduras hidrogenadas. Tem sido uma semana de reflexão e choro e baba e ranho. Nada do que sinto ou faço ou digo parece fazer grande sentido. Começando pelo voluntariado. Trabalhar ao lado de pessoas que fazem o mesmo mas ganham para isso é quase imoral, é um pontapé no nosso profissionalismo, uma bofetada na nossa inteligência.
Tudo o que gosto realmente de fazer se reduz a ofertas de voluntariado. Esta semana percebi que até a senhora que me recebe nas apresentações quinzenais é voluntária. Parece que ninguém quer pagar pelo nosso trabalho. Digo isto com mágoa. Eu, que sou grande defensora do voluntariado e que o pratiquei muito antes de estar na moda.
Agora todos dizem que é óptimo para ganhar curriculum. Ninguém quer realmente saber das pessoas que conhecemos e da vida de quem ajudamos. O que importa é ganhar experiência, não estar parado, ser pró-activo. Ser ou parecer, que, neste contexto, vai dar ao mesmo.
Num desses dias de voluntária, conheci um senhor desempregado e à beira do colapso financeiro. Dizia-me que andava à procura de trabalho como motorista, mas aquilo que realmente queria fazer era vender parafusos. Ceús! Nunca conheci ninguém que quisesse ser vendedor de parafusos. Este homem é um achado. Passado o espanto, digo eu, natural, pensei melhor sobre o assunto. Se isto é falta de ambição, de horizontes, de instrução, não sei. Mas cada um recorta os sonhos à sua medida. E se ser vendedor de parafusos nos faz vibrar, então vamos lutar para vender parafusos! Vamos alargar horizontes para começar a vender brocas, fazer cursos de iniciação ao berbequim. Quando dermos por ela, estamos especialistas na matéria e… felizes, que é isso que realmente interessa.