Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Agora com tempo para laurear a pevide, apercebo-me de mil e uma lojas, associações, instituições e serviços que não fazia ideia que existiam. Bancos alimentares e outros tipos de ajuda social com fartura. Ainda bem. Se um dia ficar mesmo sem nada, já sei onde me dirigir.
Esta semana fui à minha apresentação quinzenal do recluso. Ao lado, formava-se uma fila essencialmente de mulheres, com sacos recicláveis na mão. Caramba, estão a dar alguma coisa! Também quero! Feira social. Bate tudo e todas as feiras que possam conhecer. Tem um pouco de tudo, desde livros, artigos para wc, quinquilharias, brinquedos e roupa. Esta última é, sem dúvida, a que tem mais sucesso. Era vê-las a encher os sacos com roupa a 1, 2 euros. Parece pouco? Os saldos ali são a 20 cêntimos a peça. E não pensem que é roupa rota ou suja. É usada, mas em condições, com a dignidade lavada a 60 graus.
Felizmente, os portugueses já estão menos preconceituosos com a “segunda mão”, muito por “culpa” de OLX e afins. Ainda bem. Nos países do norte da Europa só compra novo quem não encontra usado e este é um mercado como outro qualquer, como os carros ou as casas. Ninguém diz: “Que nojo, um carro que foi usado por alguém!” ou “Que horror, esta casa deve cheirar mal, deve estar cheia de nódoas!” A minha está. Nódoas, riscos, marcas de pega-monstros, de bolas chutadas à parede, de mãos gordurosas de pão com manteiga. Enfim, um nojo. Ninguém vai querer comprar a minha casa! Lava-se. Lava-se a 60 graus e usa-se que a vida não está para esquisitices.