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Não me lembro onde li a melhor definição de ser mãe, aquela que me assenta que nem uma luva: ser mãe é nunca mais ir à casa de banho sozinha.
Não dispo a cueca nesta casa com privacidade. Eu tento. Lá vou eu de mansinho enquanto está tudo na sala a brincar ou a ver televisão ou a dormir ou sabe-se lá a fazer o quê. Na realidade, pouco interessa o que eles estão a fazer, porque assim que ponho a mão na cueca, aparece alguém: um, outro ou todos. Isto inclui crianças e cão. Às vezes, vêm todos. E assim, se mija diariamente acompanhada por duas crianças e um cão, numa casa de banho de 4 metros quadrados.
A maior parte das vezes já não me lamurio, mas há dias em que preciso de desabafar sobre o tema. As mulheres são assim: precisam de desabafar sobre quase tudo. E cá estou eu a cuspir lamentos sobre a arte de tentar mijar sozinha.
Portanto, para mim, ser mãe é nunca poder ir à casa de banho sem uma sombra. Podia dizer que ser mãe é lindo, maravilhoso, a melhor coisa do mundo. Também é. Mas também deve ser maravilhoso mijar em paz.
Ser mãe é ser uma agenda, barra, despertador, barra, lembrete, barra, arquivador, barra, transportador. Sobra o bom da coisa: os mimos, os abraços, os beijinhos e os instantâneos.
- “Mãe, os teus beijinhos dão-me alegria”. Pronto, depois de uma destas já não tenho coragem de os expulsar da casa de banho.