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coitadinhodocrocodilo



Domingo, 30.03.14

A lógica do crocodilo

Eis o único dia do ano em que o meu Duarte acorda às sete! É este: quando às seis, já são sete. Uma miséria, não é?

Enquanto jogava com o irmão uma partida de futsal (que como quem diz, futebol no meio da sala), resolvi perguntar-lhe “Quantos há?”.

- “Não sei muito bem, eu estou a perder por 40, o Miguel está a ganhar 42.”

Isto da hora mudar, frita o cérebro a qualquer puto!

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por coitadinhodocrocodilo às 15:29

Quinta-feira, 27.03.14

Qual é coisa, qual é ela...

Dez minutos depois de aterrarem no sofá, escolhem o programa que os vai acompanhar o resto da noite. Esta escolha é confusa e demorada e requer pressão intermitente, e muito paciente, no botão do objecto da sala que mais estimam: o comando de televisão.

Aconchegam-se bem no sofá, como cão que se prepara para a melhor sesta do dia, e iniciam a diária e cansativa tarefa de adormecer. Mas não é um adormecer qualquer: tem que ser aos poucos, um olho, depois o outro, nunca largando o comando ou descaindo a cabeça.

A perda de sentidos deverá ser efectuada com estilo, sem perda de postura e compostura, assumindo uma posição de meditação.

Inicia-se assim um período longo, só interrompido pela mudança de canal (consequência de um espasmo da falangeta) ou tentativa de furto do apêndice com botões pelo co-habitante da casa.

LEMBRA-VOS ALGO?!

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por coitadinhodocrocodilo às 23:20

Quarta-feira, 26.03.14

What's new?

Vou para as aulas todos os dias de manhã. Continuam uma seca como há vinte e cinco anos atrás. Continuo a ter grandes dificuldades em manter-me quieta e concentrada. Faço aviões de papel, jogo à forca, jogo no telefone, falo sozinha, falo com o do lado, chamo o da frente, suspiro e quase durmo. As aulas deviam ter meia hora e intervalo, meia hora e intervalo. Penso no meu filho. Como te compreendo!

As aulas continuam monótonas e os professores continuam com a mesma vontade de me expulsar da sala.

Chego a casa e está a dar os Estrunfes e a Abelha Maia. O que mudou?! Ah, agora sou eu que faço o jantar.

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por coitadinhodocrocodilo às 19:30

Quinta-feira, 20.03.14

Baralhar o sistema

Quarto dia da formação e já falto. Mau! Isto não augura nada de bom. Sou bem capaz de ter que fazer directa para apanhar a matéria dada no meu maravilhoso curso de como tratar de idosos.

Tive uma reunião mais importante do que aprender a lavar as mãos e manter uma bata limpa e, para além disso, tenho um crianço em casa com escarlatina e uma convocatória do CE para escolher outro curso (vou ter que levar o puto escarlatinoso comigo...).

Para quem não sabe, se dermos mais do que duas faltas num curso promovido pelo IEFP, chumbamos e ou temos que repeti-lo, ou ficamos sem sustento. Uma falta já cá canta. Vá, despenteiem-me!!!

Ainda mal comecei estas aulas e já me marcam outras, que me ocuparão todo o Verão. Claro que é de propósito. Nessa altura, já não terei subsídio, mas, para não faltar, terei que prescindir de férias e gastar dinheiro em gasolina e ATLs. Desempregado não tem férias, desempregado tem que deprimir!

Amanhã é outro dia e já estou ansiosa. É que a malta da formação acabou de se conhecer e já passa metade do tempo a combinar a grande patuscada que vai fazer no último dia. E ainda faltam dois meses. Eu fiquei de levar minis. Só podia.

Desempregado tem que ser mais forte do que o sistema…

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por coitadinhodocrocodilo às 15:15

Terça-feira, 18.03.14

The day after

Um smartphone é o melhor amigo do homem, da mulher, dos estudantes. Não sei se duraria dois dias nesta formação sem um. Percebo agora os jovens que insistem em levar o telemóvel para a sala de aula. É de extrema necessidade e suma importância!

Lembro-me dos tempos de liceu, sentada na última mesa com a cabeça noutro mundo, a tentar passar despercebida, até as lágrimas de riso me traírem.

É uma seca desde o primeiro ao último minuto. O meu filho em casa, a arder em febre e eu a jogar num telemóvel para passar o tempo, com um barulho de fundo que se assemelha a uma formação, à qual me obrigam a ir e a fingir que gosto. É quase pecado!

Valem-me os poucos jogos que tenho e uma mala grande que esconde o ócio. Valem-me as pessoas que passei a conhecer, com vidas bem mais complicadas do que a minha e recordes difíceis de bater, como ter 24 irmãos. Sim, há uma criatura com mais irmãos do que o total da minha família.

Eu cá, ando a tentar bater o meu recorde pessoal na Sopa de Letras. Estou convicta de que amanhã é O Dia.

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por coitadinhodocrocodilo às 23:50

Segunda-feira, 17.03.14

Day one

Primeiro dia de curso. Chato, ou melhor, chatinho, que a formadora adora “inhos”. Não há pior do que pessoas que falam em “inhos” (a formaçãozinha, está na horinha, vamos ao cafezinho, fazer um chichizinho). Quer dizer, até há: os casais que depois de tornarem pais, se tratam por Pai e Mãe.

Bom, primeiro dia, há sempre alguém quase a adormecer. Eu tento sentar-me ao lado de alguém que tenha cara de quem gosta de jogar à forca, o meu jogo preferido nas formações. Hoje não tive grande sorte. Fiquei-me pelos desenhos rupestres.

Dizem que há aulas práticas. Não consigo imaginar como serão. Nem quero. Deixem-me jogar à forca!

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por coitadinhodocrocodilo às 14:23

Sábado, 15.03.14

Cenas da vida de um crocodilo

Não me lembro de uma altura na minha vida em que ouvisse tantas vezes e de tão diferentes pessoas a célebre máxima de que “nada é por acaso, tudo tem um propósito”.

Não é da minha natureza acreditar que o nosso destino está traçado. Somos nós que o planeamos, somos nós que o fazemos, até ao momento em que o acaso irrompe pela nossa vida e muda tudo. Há quem lhe chame Deus, há quem lhe chame Energia, há quem lhe chame Forças do Universo, há quem apenas lhe chame Vida.

Seja o que for, é uma força que nos não nos deixa controlar o mundo e prever o futuro. Vivemos à deriva e temos que ser pacientes o suficiente e persistentes quanto baste. Às vezes, precisamos de alguém que nos guie, que nos acalme, que nos incentive, que nos ilumine o corredor das ideias. Porque não é ao acaso que não estamos sós.

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por coitadinhodocrocodilo às 16:27

Terça-feira, 11.03.14

SURPRESA!

Se tudo tivesse corrido bem, esta semana estaria a esquiar em Andorra. Há dois anos não fui porque o Miguel nasceu. No ano passado ainda estava em choque por ter ido para o olho da rua.

Quis o destino, ou os astros ou os senhores da natureza, os deuses ou o deus sozinho, que estivesse em Portugal para receber uma notificação do Centro de Emprego. SURPRESA! Formação para aprender a mudar fraldas a idosos e… vai começar… AGORA!

Se estivesse em Andorra, teria ficado sem subsídio e sem inscrição no CE. A única semana do ano em que não estaria cá.

Começa a ser fácil perceber como e porquê oscila a taxa de desemprego em Portugal: há o desemprego sazonal (onde os algarvios são mestres), há os maravilhosos contratos com o apoio do IEFP que permitem às empresas contratar um sem número de pessoas durante seis ou doze meses, que depois são dispensados e substituídos por outros. Enquanto vão e voltam, saem das estatísticas.

Depois existem as manobras desprezíveis do IEFP, como esta, de mandar uma carta com 1 ou 2 dias de antecedência para se apresentar nalgum lado, sob pena de ficar sem sustento.

As ofertas formativas são inadequadas ao nível de desemprego e ao tipo de desempregado que circula por aí – que vai do 6º ano de escolaridade ao mestrado – e datam dos anos 90.

E não vamos falar da emigração. Por cada jovem que sai do país, é menos um número que entra no gráfico.

A partir de Segunda-feira, vou aprender a tratar de velhos com um grupo de pessoas que, como eu, estão ali contrariadas, com vontade de desistir e mandar o CE às urtigas. Mas não mandamos, porque é exactamente isso o que eles querem, para ver se saímos das estatísticas.

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por coitadinhodocrocodilo às 18:34

Sábado, 08.03.14

O dia da Mulher

Em todo o planeta, pouco mais de metade das mulheres têm emprego. Ainda existe um número significativo de raparigas que não vai à escola, quando comparadas com rapazes da mesma idade e país. A maior parte tem menos oportunidades que os homens e, quando as tem, tem que lutar muito mais por mantê-las.

Não é necessário as Nações Unidas lançarem estatísticas, num dia estratégico como hoje, para termos essa noção. Basta respirar, olhar em volta, viver.

Como sempre, tudo depende das mulheres. Se uma criança vê sempre a mãe na cozinha, se é a mãe que vai às reuniões de pais, se é ela que leva a criança às festinhas de anos, se é ela que prepara a mochila, se é ela que compra roupa, se é ela que fica em casa quando a criança está doente, se é ela que vai às compras, digam-me como é que querem que uma criança cresça sem o pré-conceito de que a mulher é talhada para a vidinha familiar?

Depende de nós, fazermos dos futuros líderes, homens que saem mais cedo para ir buscar os filhos à escola (Não podem! Mas quando joga o Benfica, arranja-se!), homens que faltam ao trabalho porque o filho está com varicela misturada com piolhos (Não podem! Mas podem faltar porque arranjaram um problema no joelho na última meia maratona!), homens que fazem frente a uma hierarquia por saírem do trabalho a horas em que mal vêem os filhos acordados.

Talvez assim os futuros líderes não façam distinção de sexo na hora de escolher o empregado, o seu salário ou dar uma promoção.

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por coitadinhodocrocodilo às 17:43

Quinta-feira, 06.03.14

O mundo ao contrário

Sabemos que o mundo está de pernas para o ar quando Putin é apontado como um dos possíveis candidatos ao Nobel da Paz.

Só falta erguerem uma estátua de Hitler em Israel.

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por coitadinhodocrocodilo às 23:28

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