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Cá para os meus lados, há mais movimento no céu do que na terra. Os aviões privados não param de aterrar em Tires, mas a marginal está sem carros, a praia de Carcavelos só tem meia dúzia de ingleses e espanhóis e nas ruas não se vê vivalma.
Mas se meteram os portugueses? No Rossio a ensinar os espanhóis a beber cañas??? Ou na fila para o marisco?!?!?
Bom, mas o que realmente me preocupa é o facto de os adeptos merengues estarem a festejar muito próximo do Marquês de Pombal. Era só o que faltava o Sebastião acabar a noite regado de cerveja e abraçado a uma bandeira espanhola! Isso que é não!!!
Ide para casa depois do jogo, ide, que amanhã é de dia de eleições.
Andei eu anos a renegar o livro dos rostos, sem saber que me ia divertir tanto. Não só ganhei “amigos”, como não perdi contacto com outros, aprendo umas quantas coisas extra e ainda revejo velhas amizades.
E foi mesmo o que aconteceu hoje: retomei o contacto com uma amiga de muito longa data. Hoje, 21 de Maio, um dia cansativo, depois de aturar 50 filhos dos outros, sem paciência para eles ou para o meu Duda, que anda em crise há umas semanas.
Ganhei o dia. O facebook presenteou-me com o reencontro com uma das minhas melhores amigas de liceu. E assim ficámos, longos minutos deliciadas com a vida uma da outra, à distância de uma tecla, ao fim de tantos anos de silêncio. O bombardeio de perguntas e o excesso de smiles indiciam a histeria do achado.
Venham de lá mais 50 pestes e um Duarte em crise. Hoje, vou para a cama mais feliz.
Dezassete de Maio, o dia em que (dizem) a Troika saiu de Portugal. Daqui a uns anos será feriado e considerado o novo dia da Restauração da Independência. Marchar, marchar, primeiro contra os bretões, depois contra os canhões, mais tarde contra os espanhóis e agora contra uma aliança encabeçada por alemães.
Dizem que foi uma saída limpa. Sim, limparam-nos os bolsos, limparam-nos o emprego, limparam-nos os jovens qualificados, limparam-nos os pequenos luxos, executaram a classe média e tentaram assassinar o Estado Social.
Vivíamos acima das possibilidades, agora vivemos no limiar da pobreza.
Os impostos subiram, os salários baixaram cerca de 40% e a precaridade na contratação é maior do que nunca. Imaginem-se a ganhar 1000 euros e terem que aprender a viver com metade. Imaginem-se com 600 euros e de repente ficarem sem sustento.
Provavelmente haverá quem nunca entenderá o impacto que a entrada da troika teve no nosso país e a dimensão da mudança, que vai-se repercutir nos próximos 20 anos. Enquanto uns se queixam que ganham menos 200 euros, outros há que viram os seus rendimentos baixarem mais de 70% e outros ainda que continuam a achar que os 15% de desempregados são gente que não quer fazer nenhum.
Quando um homem nos diz duas vezes na mesma semana “olha um push up” é coisa para arrebitarmos as orelhas. Bem sabemos que a gravidade já cá estava quando nós nascemos, que é a bruxa má dos nossos corpinhos de princesas, mas quando ouvimos a expressão push up e ainda não temos 40 anos, é tema que vamos ter que esclarecer!
E esmiuçamos: fazemos perguntas, insistimos, mudamos o tom de voz, abrimos as narinas, franzimos o sobrolho e, por fim, damos por terminada a conversa. Os homens não conseguem aguentar uma mulher furiosa a fingir que está calma.
Assunto esclarecido?! Óptimo. Não se fala mais nisso.
Já andava há alguns dias para escrever sobre o drama das pulseirinhas de cores, mas a crónica do Ricardo Araújo Pereira fez-me perder a vez. A vez, mas não a vontade. É que isto é mesmo um fenómeno digno de destaque. E não é só pelos pais se verem enfeitados com bijuteria barata, mas pelo facto de a histeria afectar ambos os sexos, o que é caso muito raro, e de ter, inesperadamente, benefícios muito eficazes para pais e filhos. Vamos discorrer sobre o tema:
O rosa é para meninas e eu não visto; Anéis e pulseiras são pirosos e coisas de rapariga. Preconceitos absorvidos em ambiente escolar e, diria eu, próprios da idade. E eis senão quando, do dia para a noite, os machos latinos versão meia leca carregam no pulso às três e quatro pulseiras verde alface e lilás, mais trabalhadas do que os tapetes de Arraiolos!
E o tempo que eles perdem naquilo, senhores?! Bendito seja o tempo que eles perdem naquilo! São às meias horas em que NINGUÉM os ouve! Minutos de um silêncio delicioso enquanto entrelaçam as borrachinhas, enquanto exercitam a motricidade fina.
Toca para as aulas e é vê-los de rabo para o ar a arrumar o brinquedo, sem ninguém pedir, a conversar animadamente sobre se tem duas cores ou brilha no escuro e a trocar ideias com as professoras, que têm os pulsos cheios de obras de arte.
Porque é que os chineses não tiveram esta ideia mais cedo, senhores?!
- Ai, estou aflitinha para fazer xixi...
- Mãaeee, eu não preciso de saber dessas tuas necessidades!
???
No mesmo fim de semana, o pequenito diz-me (e sublinhe-se que não estavámos sózinhos):
- Mamã, onde está a minha mini?
??????
Vou aproveitar bem a infância porque a adolescência avizinha-se... algo trabalhosa!
E às sete da manhã, o meu mundo encheu-se de prendas e beijinhos. Entre outras coisas, os textos muito especiais que as professoras tiveram o trabalho de fazer, mais emocionantes do que qualquer bem material.
"Consegues ser de tudo um pouco!
Consegues ser uma super atleta! Vais da raiva à meiguice em segundos!
Executas um salto triplo de alegria
quando ouves, pela primeira vez a palavra MÃE!
Fazes arremessos de optimismo
quando nos afogamos no desânimo.
Consegues ser bela, fera, guarda-costas,
motorista, companheira, amiga, professora...
Tens a energia de um furacão,
mas também a suavidade de uma brisa!"
Adorei!!!
Não precisávamos de festejar um dia para sermos especiais, mas assim sempre temos umas prendas que guardaremos para o resto da vida.