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coitadinhodocrocodilo



Segunda-feira, 26.11.12

Fecha-se a porta...

“Tem uma mensagem nova”… Fui ver. Era o desemprego. “Bolas, agora vem por e-mail?”, perguntei surpreendida.

“Ah, pois, e não vir por uma rede social e seres obrigada a “botar” um Like, já tens muita sorte!”, diz a Almeida.

Foi assim que soube que ia ficar sem emprego. Eu e umas boas centenas de “alguéns”. Catorze, dezassete, vinte, trinta anos de trabalho, fiel ao mesmo empregador. Recebe-se uma mensagem por e-mail e já está: “deixou de haver lugar para si”.

Durante uma semana, evita-se olhar para a caixa de e-mail, não fosse o diabo tecê-las. Mas nesta história o diabo tem nome, cara e responsabilidade. Já as centenas de “alguéns” são anónimas, gente sem rosto, marcadas com um número (esse sim único!). Gente com família, com contas para pagar, com futuros pensados e sonhos acalentados.

Ora, se as pessoas fossem números, não lhes chamávamos “pessoas”. Mas há sempre alguém disposto, em troca de uns tostões, a esquecer tudo o que aprendeu na faculdade para aplicar o que pode facilmente aprender lendo um dos livros de J K Rowling: transformar as pessoas em números.

Mas aqui vamos humanizá-los, dar-lhes alguma vida. E porque não gosto de números, mas de palavras e gentes, arrisco-me apenas numa estatística: a maioria dos “alguéns” são mulheres, com filhos: a divorciada com três filhos, a casada com o marido desempregado, a mulher do que ainda lá trabalha, a que pariu há menos de um ano.

Gente que, ao fim de décadas, vai começar de novo, não do zero, porque carrega às costas experiência (de produzir mesmo sem recompensa, experiência de sorrir quando não tem vontade, de levar o filho à escola com febre para evitar falatório).

Este fechar de porta será um abrir de janela, uma janela de oportunidade. Reflectir sobre o que se fez e o que se quer fazer, o que se foi e se queremos realmente continuar a ser.

Agora vou fazer parte da estatística, agora vou ser uma das muitas preguiçosas, como lhe chama o Governo, que não trabalha porque não quer. Coitadinho do Crocodilo.

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por coitadinhodocrocodilo às 10:30


4 comentários

De Carlos a 29.11.2012 às 13:27

Ao menos, comigo, ainda tiveram a decência de me avisar cara a cara. Vais ver que, citando o fdp do outro, pode ser mesmo uma oportunidade.

Beijinho

De Elia a 29.11.2012 às 23:34

Ola Paty, lamentavelmente uma dura e triste realidade.............. Eu soube por uma colega nossa e nem queria acreditar, desculpa-me nao tive palavras, nem força para te telefonar, mas senti a tua dor, o teu desanimo, porque depois de tantos anos a trabalhar por vezes sabe Deus como, fazem-nos sentir descartaveis, no. unico qual quê? no. de imobilizado é o que sempre digo, por nao passamos disso, infelizmente.

Longe vai o tempo em que se consideravam as pessoas, agora sao apenas "coisas".

Estou contigo amiga e gostaria muito de te ver e tomar um cafezinho, embarco dia 20 Dez para passar o Natal, envia-me por msg privada o teu contacto. Bjocas grandes e força.

Elia

De Boim a 30.11.2012 às 09:48

O que vais é fazer parte da estatistica que diz que uma percentagem dos que vão para o fundo de desemprego, dão a volta à coisa e arranjam soluções na sua vida, que chegam ao sucesso mesmo quando muitos outros não acreditam...
Como dizes, abriu-se uma janela... espreita por ela até o Sol te mostrar o teu Caminho (se não mostrou já)... e, nos intervalos, vai escrevendo... Um Blog, Um Conto, Um Livro.. quem sabe!? :)

De Prima redbull a 06.12.2012 às 22:57

A vida é um constante recomeço. Não se dê por derrotado e siga adiante. As pedras que hoje atrapalham a su caminhada amanhã enfeitarão a sua estrada!

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