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Iniciei-me há pouco tempo na arte de “botar likes”. Coisa fácil, para quem anda nisto há anos e já consegue descortinar uma página de facebook em 5 segundos. Eu explico: eu ligo o pc (demora 5 minutos), eu abro o meu facebook (mais 5) e vejo o panorama: 5 solicitações de amizade, 20 sugestões de amigos, 7 pessoas mandaram-me uma mensagem e depois... senhores, depois, começa o relambório de curtições!
O meu coração dispara, a adrenalina sobe. Estalo os dedos, preparo as articulações (valham-me os dedinhos porque o computador é lerdo!) e 3,2,1… COMEÇA!!! M. curtiu empresa X. R. actualizou o seu status (o que é isso?!). D. e F. comentaram o status de R.. J. compartilhou a foto de site Y. D. e mais outras 5 pessoas curtiram isso. (Não consigo parar, estou viciada!!!) G. e K. mencionaram você em um comentário (a falar de mim pelas costas?! Ah, não, eu consigo ver…). B. convidou você para jogar xxx. T. publicou na sua linha de tempo. (vá, Almeida, não pára de ler e toca a botar likes). Você comenta. 6 pessoas curtem o seu comentário (boa, sou um sucesso! Vamos lá botar like nisso também!). H. começou uma amizade com L. (ó diabo, cheira-me a esturro…). S. coloca uma foto no seu mural (shhht, no meu mural quem manda sou eu! Doem-me os dedos… PAREM!).
O meu computador bloqueia… A Almeida sai, volta a entrar. Quando entra, Almeida tem 40 emails e vê que o pessoal já está outra vez a regatear likes, como se estivessem a sala de mercados. Toca a criar empatia, pessoal! Eu curto tudo, sou uma maluca!
Esperem. Pára tudo. Acho que há uma voz do além a tentar comunicar comigo… ESTÁS A FALAR COMIGO? Nunca sei se é público, se é um privat, se é só para os amigos, conhecidos, família ou outra categoria qualquer que tenha criado… Hã?! Só este comentário já mereceu 3 curtes! Almeida: three points/ Almeida: trois points . Isto é que é levantar egos!
É certo que tenho um portátil muito lento, me faltam teclas e experência de curtição, mas criar empatia com uma centena de pessoas em minutos, é coisa para um profissional! Eu sou do tempo em que se iniciavam conversas na net com um simples: “Q tc?”. E teclávamos como se não houvesse amanhã…