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No ano passado, os dias que antecederam a festa de Natal do meu filho foram um filme de terror. O rapaz ficou tão nervoso que fez birras gigantes, chichi na cama e rasgou roupas à tesourada. Estive tentada a esconder as facas cá em casa, não fosse ele virar um Chucky. Acabada a festa, chorou durante uma hora para expulsar os demónios cá para fora.
Este ano, foi um crescido: subiu ao palco, dançou, acertou com a coreografia, tirou uma parte da roupa em palco, atirou-a para o público (tomem lá morangos!) e agradeceu as palmas. O rapaz é danado para o strip, hein?
Já eu, não me diverti tanto… fiquei ao lado de um casal y su niño. Reparem, nós também somos um casal y su niño, mas não assim. Ontem, os meus filhos estavam domesticados. Reparem, não disse são, disse estavam domesticados. Coisas diferentes.
A criancinha esperneava, a criancinha berrava, a criancinha fugia do colo da mãe, a criancinha parecia possuída pelo demo… um Chucky. Os pais discutiam sobre o que fazer, aos berros, a culparem-se da agitação da cria.
- V., olha, que a senhora ralha contigo!
Disse aquilo umas três vezes antes de eu olhar para ela e finalmente perceber que a senhora era eu. EU? Eu é que tenho que ralhar com a criancinha?! Eu tenho que aguentar com a vossa criatura para poder ver a minha criatura actuar e ainda tenho que educar o VOSSO FILHO?!
- A senhora fica chateada contigo… Não! A senhora está é furibunda contigo!
- Olha a senhora… olha a minha paciência a esgotar-se…
- Queres a chave do carro? A mãe dá. Não? Queres a chucha? A mãe dá! E tu, queres um par de estalos??? Eu dou!
Duas horas depois, eu estava com os olhos esbugalhados, os nervos contorcidos e o instinto maligno à flor da pele. Estava um Chucky. Levantei-me e fui-me embora.
- Diz adeus à senhora… Respira, não te vires, não te vires…