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O Carnaval é uma das piores épocas do ano. Quando era pequena recusava-me a ir mascarada para a escola e passava o santo dia a ouvir: “Coitadinha, aquela não tem máscara”. Para minimizar possíveis efeitos secundários muito traumáticos, faziam-me totós com papel higiénico. Isso sim, provocou-me alguns efeitos que podiam ter degenerado em tendências assassinas.
Continua a ser a pior época do ano. Tenho que pensar exaustivamente se este ano é espada ou flecha, se é guerreiro ou robot, se compro, se faço. Um entra e sai em todas as lojas de chineses num raio de cinco quilómetros. Compra, ajeita aqui, descose acolá. E tenho consciência que sou muitíssimo afortunada por não entrarem tiaras e brilhantes cá em casa!
Se eu pudesse, mascarava os meus filhos como este piqueno aqui em baixo: simples, fácil, com materiais baratos e reciclados e com a mensagem que que me está atravessada desde o tempo dos totós de papel: “Quero que o Carnaval se exploda!”
Segunda-feira de Carnaval, férias da escola. Putos em casa, ora chuva, ora sol, carro com bateria descarregada (lá ficou a luzinha acesa). Sabem o que significa? Berros, choro, berros, brinquedos espalhados, berros, lixo a esvoaçar pelo chão, berros, cão refugiado no tapete do nosso quarto, risos, berros.
Carros amontados no tapete, mesmo ao pé do meu refugio das letras e vou tentado escrever qualquer coisa. Já sei que vou demorar uma hora a terminar. Entre um a chorar e o outro a reclamar, um quer fazer cocó e o outro oó. Cada um tem o que merece…
Vejo um artigo “Tablets para crianças”. Podem explicar-me?! Eu percebo porque é que uma criança quer um tablet, mas precisa de um? E o artigo começa a explicar qual o mais indicado para os petizes, por ser mais leve e pequeno o suficiente para caber na mochila (????????? Esta gente não andou numa escola pública!). Prolongam-se nas descrições e terminam com as desvantagens: frágil e caro. Pronto. Está tudo dito, são duas características que não combinam com crianças. Os brinquedos têm que ser duros e resistentes, que nem cornos, e de preferência muito baratos, para não nos arrependermos ao fim de uma hora.
Quando era pequena, tablets eram de chocolate. Vinham de Espanha, como os caramelos e os carecas. Agora os carecas foram substituídos por pássaros digitais, oriundos da Finlândia, com ar de Kamikazes. Com tanto berro, no fim deste texto, estou uma angry mom.
O Miguel mascarou-se de cão. Não um cão qualquer: um dálmata. Para ele é perfeitamente indiferente ir de cão, gato, palhaço ou princesa. Mas há um limite para tudo.
- Oh, tão querido, veio de vaca!
Não, é um dálmata!
- Ai que amor, uma vaquinha!
Não, não, é um dálmata.
- Que vaca tão simpática!
É um cão, senhores, é um cão!!!
- Então o pequenote hoje é uma vaca?
Nãaaooooo, é um dáaaalmmaaatttaaa!