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- Mãe, o que é o jantar?
- Comida de ogre: minhocas grelhadas com pasta de formigas.
Ficam parados a olhar e viram costas sem pio.
Espero que deixem de perguntar isto todos os dias. Tipo, dia sim, dia não, ok?
Para um aficionado de Star Wars, uma das melhores coisas de ouvir é quando um filho pequeno diz:
- Mamã, qué cueca do sta uor.
É aqui que temos a certeza que a nossa educação está no caminho certo!
Sabem quando uma música não nos sai da cabeça?!
O Anselmo Ralph não pára de me dizer: Agora não me toca. NÃO QUERO SABER…
E depois de ver a versão do Rui Unas, piorou. Help…
Dez minutos depois de aterrarem no sofá, escolhem o programa que os vai acompanhar o resto da noite. Esta escolha é confusa e demorada e requer pressão intermitente, e muito paciente, no botão do objecto da sala que mais estimam: o comando de televisão.
Aconchegam-se bem no sofá, como cão que se prepara para a melhor sesta do dia, e iniciam a diária e cansativa tarefa de adormecer. Mas não é um adormecer qualquer: tem que ser aos poucos, um olho, depois o outro, nunca largando o comando ou descaindo a cabeça.
A perda de sentidos deverá ser efectuada com estilo, sem perda de postura e compostura, assumindo uma posição de meditação.
Inicia-se assim um período longo, só interrompido pela mudança de canal (consequência de um espasmo da falangeta) ou tentativa de furto do apêndice com botões pelo co-habitante da casa.
LEMBRA-VOS ALGO?!
Não me lembro de uma altura na minha vida em que ouvisse tantas vezes e de tão diferentes pessoas a célebre máxima de que “nada é por acaso, tudo tem um propósito”.
Não é da minha natureza acreditar que o nosso destino está traçado. Somos nós que o planeamos, somos nós que o fazemos, até ao momento em que o acaso irrompe pela nossa vida e muda tudo. Há quem lhe chame Deus, há quem lhe chame Energia, há quem lhe chame Forças do Universo, há quem apenas lhe chame Vida.
Seja o que for, é uma força que nos não nos deixa controlar o mundo e prever o futuro. Vivemos à deriva e temos que ser pacientes o suficiente e persistentes quanto baste. Às vezes, precisamos de alguém que nos guie, que nos acalme, que nos incentive, que nos ilumine o corredor das ideias. Porque não é ao acaso que não estamos sós.
- Mãe, agora vai dar na televisão a história de uma abelha e do seu amigo Willy. E a professora deles chama-se Kassandra!
... Rewind, rewind.... 12, 20, 30 e mais anos...
- Eu fico a ver contigo!
- Olha, agora vai dar os smurfs, quer dizer, os estrunfes!
... rewind...
- Ok, eu fico mais um bocado.
E quem é que faz o pequeno almoço hoje???
Ainda hoje, escrevia a uma amiga que na vida não vencem os mais inteligentes ou ambiciosos, mas os que melhor se adaptam às situações; Que, às vezes, temos que aceitar a vida como ela é, sem medo do rótulo de “resignação”. Aceitar a vida é dar valor ao que se tem. Não quer dizer que não se lute pelo que se quer, mas as armas vão mudando e a estratégia adapta-se.
Felizmente, contam-se pelos dedos de uma mão os dias em que parei para chorar. Valeram-me os minutos de escrita, valeu-me a família, valeram-me os amigos e todas as pessoas que experienciaram o desemprego e me deram força, valeu-me o voluntariado. O truque é esse: rodearmo-nos de gente querida e alegre, que não nos julga pelo ganhamos ou onde trabalhamos, mas pelo sorriso e missão.
A minha missão era trabalhar numa ONG, numa Instituição de Solidariedade Social, mudar a vida de alguém. Não sabia que para isso acontecer, teria primeiro que mudar a minha vida. Descobri como é trabalhar com sorrisos em vez de gráficos de produtividade, lidei com a alegria e a generosidade em vez da ambição por promoções. Descobri talentos escondidos na arca do meu ser. E um ano depois, num dos poucos dias em que parei para chorar, recebi a notícia de que o voluntariado pode transformar-se em emprego.
Às vezes, temos de aceitar a vida como ela é, com medos, recuos e avanços, mas sempre com alegria. Ser feliz é o nosso objectivo. Como lá chegamos, depende da nossa experiência de vida, da nossa vontade, de quem nos rodeia e da nossa missão.
A culpa é sempre dos homens. Esta é uma verdade universal.
Toda a gente sabe que não durmo há seis anos. Nos primeiros, por culpa de uma criatura, nos últimos dois, por culpa de outra.
Há três noites que o meu filho dorme nove horas sem pio.
O meu marido tem estado fora.
Portanto, à parte do estado de histeria em que me encontro, ainda me resta clarividência para dizer: a culpa do puto não dormir é dele!
Ontem foi o dia preferido do meu filho “piqueno”: pôde – finalmente – ir de pijama para a escola.
Não quer tirar a fralda da manhã (com bedum até ao umbigo) não quer despir o pijama, não quer brinquedos novos (os do irmão chegam), não quer comer e não quer dormir.
Ou é sindicalista ou vive intensamente esta coisa da crise.
Aquilo que se ouve e a que se assiste nos consultórios daria para escrever um livro. Estava à espera de ser atendida, à espera de ouvir que a minha felicidade profissional é inversamente proporcional ao meu peso. Infelizmente, tive que partilhar a sala de espera com a pediatria. Eu digo infelizmente porque muito embora tenha filhos, não sou capaz de fazer deles o meu passaporte para o sucesso pessoal ou carreira como criadora de cavalos de corrida.
Um pai e uma mãe que nunca se tinham visto na vida partilhavam as maravilhas da maternidade. Pais tardios – o comum hoje em dia – com um só filho criado com tudo do bom: o sapatinho de 80 euros na idade certa para poder andar sem desenvolver pé chato; a chucha adequada à idade e ao formato da boca, para não deformar os dentes; comer a papa de marca porque as outras não têm os nutrientes todos e beber o leite mais caro da farmácia porque… sim, porque amamos o nosso filho incondicionalmente.
- A minha filha começou a andar com 10 meses, tem muita energia!
- Ah, deixe lá que a minha tem 7 meses e já se põe em pé no berço sozinha!
Nesta altura, não me consigo concentrar na leitura do livro que ando a ler há meses. Este arrastar de prazer é feito por preguiça, por descuido, pela dita falta de tempo, que é a grande desculpa para a falta de paciência. O que oiço é desculpa suficiente para voltar a pôr de parte a prosa.
- Pois, a minha até já fala, diz o nosso nome!
- Pois… a minha ainda só bate palminhas.
Jogou pelo seguro. Seria estranho alguém com sete meses dizer algo inteligível, a não ser que estivesse possuída por algo maligno. Mas agora apetece-me atirar-me da janela. Isso ou gritar: - Olhem, o meu tem 17 meses e já faz casamentos e baptizados!
E continuam:
- Já diz cocó e tudo. Mas ainda não distingue o cocó dos puns!
Uh, que nojo! O que dirão as criaturas quando crescerem e perceberem que os pais denunciavam assim os seus íntimos numa sala de espera?! E quem é que quer ouvir este nível de pormenores?!
- Quanto é que pesa a sua? O meu pesa 8 quilos.
- Esta pesa só 9, tem que comer mais.
Porquê??? Vão para a feira vendê-los ao quilo?!?! Tenham juízo!!!
Espanquem-me se algum dia me ouvirem dizer estas coisas.