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coitadinhodocrocodilo


Quinta-feira, 28.02.13

Por fim, a liberdade

Síndrome do presidiário. Admito que se possa chamar isso ao estado em que os meus filhos vêm ao mundo. Cá em casa, a expressão “dormir como um bebé” nunca fez sentido. Achamo-la mesmo repugnante. Não entra ninguém na nossa casa que tenha bebés que dormem. Pelo menos, do tapete para dentro estão proibidos de se gabar sobre o tema.

Durante três anos o Duarte não pregou olho mais do que umas meras três/quatro horas seguidas. Até que mudei de cama. Do berço para uma cama rasteira. Uma semana depois, estava a dormir como um bebé. Sem lamúrias, sem leite, sem colo, sem choro. Nada. Um silêncio contínuo, daqueles que chegava a irritar. Três anos de tortura pidesca e, de repente compramos uma cama de 30 euros no Ikea e a nossa vida muda. E as consultas no médico, no homeopata? O dinheiro gasto em medicamentos? As idas estratégicas à casa de banho, para dormir sentada na sanita? Quem paga?

Enquanto um se endireita, logo chega outro. O molde foi o mesmo, mas havia a esperança de sair diferente. A esperança foi com as entranhas. Desapareceu logo na maternidade. Aos oito meses, pu-lo a dormir no chão. À cão, mesmo. Nada. Voltou para o berço. Acordava desesperado, agarrado às grades, como se tivesse visto o belzebu no meio dos cobertores.

Um mês depois de aprender a andar, comprámos outra cama rasteira no Ikea, apesar do receio dos avós. E se ele viesse disparado de cabeça? Que venha, mas que adormeça a seguir. Uma semana depois, dorme que nem um bebé. Sem lamúrias, sem leite, sem colo, sem choro. Nada. Um silêncio contínuo, daqueles que chega a irritar. Foi mais um ano de tortura pidesca. A privação de sono é algo inexplicável e deixa marcas para o resto da vida. Mas desta vez o 25 de Abril chegou mais cedo.

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por coitadinhodocrocodilo às 10:37

Domingo, 24.02.13

Silêncio, que se vai dormir

Silêncio. Ontem foi dia do silêncio. De noite, silêncio. De hora a hora, silêncio. De manhã, silêncio. A meio da manhã, silêncio. É tão bom este silêncio. É tão bom como é o barulho quando eles chegam de casa dos avós.

Vamos ver se vejo os óscares esta noite. Antes de mais, gostaria de agradecer à academia (dos Almeida) pelo silêncio deste Sábado, ao meu cão, por não ter ganido e ao meu marido, que sempre acreditou que erámos capazes de dormir uma noite inteira.

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por coitadinhodocrocodilo às 13:53

Sexta-feira, 22.02.13

Problemáticas

- Mãe, quem é que nos criou? Quem é deu ao pai a sementinha para ele te pôr na barriga? Por que é que nós morremos? Porque é que todos temos que morrer?

Sem fôlego.

- Olha, acho que está a dar os gormitti na televisão…

Podia ter sido pior. Podia ter sido: - Por que é que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa? Porque não faço a mais pequena ideia. Porque sim, porque Pitágoras assim disse.

Bom, está aqui está a falar-me de idealismo metafísico, a discutir o imperativo categórico ou a meditar sobre a problematização do Devir.

Não tenho cabeça para isto. Ando doida há três noites. Há três dias que acordo e não me lembro do que aconteceu de noite! Não estou habituada. Estou habituada a escutar o cão a ressonar, os vizinhos a deitarem-se. Estou habituada a uma aeróbica nocturna, ritmada, a fazer queixas ao pequeno almoço. Agora já não falamos ao pequeno almoço, não temos assunto. São noites de completo descanso. Já sonhava em recuperar a sanidade, com os devidos comportamentos de insónio-dependente.

Na quarta noite, recomeça a aeróbica, que termina com o bicho a dar um trambolhão da cama abaixo. A esperança é que a pancada na cabeça surta algum efeito.

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por coitadinhodocrocodilo às 12:49

Segunda-feira, 28.01.13

Ida aos infernos

É claro: estou mais gorda. Não tenho balança em casa, há muitos anos. Não é preciso, só preciso da minha roupa para saber logo se estou ou não mais gorda. Também já vi este filme. Isto significa noites sem dormir e dias a compensar em açucares e gorduras hidrogenadas. Inevitável para mim, que tenho a carne fraca e o espírito taralhoco. Não dormimos bem há cinco anos. Não dormimos uma hora há, pelo menos, uma semana seguida. Uma hora. Ninguém aguenta em frente a uma sobremesa!

Andamos em piloto automático, falamos de cor e guiamo-nos pelo instinto. Desesperamos de noite. Esta noite, deu-me para chorar. Já não durmo há uma semana... É tão bom quando eles crescem, falam e andam! Não fui feita para ser cuidadora de bebés mas, verdade seja dita, os meus saíram muito beras. Tivemos um azar do caraças. Resta-lhes a saúdinha, da boa. E, convenhamos, é o principal. É assim que me vou conformando pela perda diária de neurónios e o ganho diário de banhas.

A esta altura do campeonato, já temos resistência para aguentar qualquer tortura chinesa. Acordar de meia em meia hora?! Peanuts. Nós aguentamos dias sem ir à cama, levantar de dez em dez minutos, numa aula de aeróbica nocturna involuntária.

Dizem que cada um tem o que merece... Venha de lá o chocolate recheado com caramelo.

 

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por coitadinhodocrocodilo às 14:20

Domingo, 06.01.13

Noites do inferno

“Se as suas noites são um inferno, experimente angelicalm… com melatonina, valeriana e passiflora.” O Luís já sabe o anúncio de cor. Eu aprendi a apreciá-lo. Olhamos um para o outro quando passa na televisão e perguntamo-nos quando será que as nossas noites deixam de ser um inferno. Parece que tenho filhos todos os anos. Eles acordam três e quatro vezes por noite até aos três anos. Antes fosse, senhores - ao menos, tinha uma boa desculpa para as olheiras, e uma, ainda melhor, para a barriga!

Não há nada que surta efeito nestas criaturas: cházinhos, xaropes de melatonina, atarax, mézinhas da avó, da tia, da vizinha, fralda com o meu perfume espetada no nariz (se calhar é isso!!!)… Ainda não tentámos cannabis, mas a avaliar pelo Duarte, que a única semana em que dormiu bem, antes dos três anos, foi em Amesterdão, eu diria: vamos tentar! Não me alongo no tema… há uma assistente social que costumar ler os meus textos e nós estamos numa lista de espera da Segurança Social… Brincadeirinha, ‘viu?

Ainda pensámos ser problema da casa, mas eles nasceram em casas diferentes. Já dormiram com a cabeça virada para todos os pontos cardeais possíveis, para não ferir o feng-shui. Cama de madeira, de frente para a porta, quartinho com cores suaves. Tudo como manda o filho da mãe do shui! Ah, também manda colocar cheiros (credo!): alecrim, erva-doce, tangerina, eucalipto e outros. Há falta de melhor, besuntamos o miúdo com vicks vaporub e deixamos o boião aberto de noite ao pé da cama! Queres eucalipto? Toma lá!

Paranóicos??? O quê? Não sabiam destas coisas?! Têm filhos que dormem! Arrastem-se de joelhos por isso. Só quem sabe o que é acordar de meia em meia hora com gente minúscula a gritar connosco é consegue entender a súplica de alguém por uma noite de sono. 4,5,6 horas seguidas é o sonho de uma vida. Parece-vos pouco, para nós, é inatingível.

E digam lá se não fica no ouvido? Melatonina, valeriana e passiflora...

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por coitadinhodocrocodilo às 19:32


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